Textos

Atualizando a crônica
          Num texto, que publiquei mês passado, comparei o Brasil a uma crônica que se atualizava de hora em hora tamanha eram as novidades. E me propus um projeto: fazer um apanhado dos assuntos que mais me chamaram a atenção durante a semana e construir um texto bem humorado, leve, de fácil digestão já que o ato de ler parece atacar o fígado do cidadão, uma vez que vivemos numa época completamente imagética.
          Continuo pensando do mesmo jeito, mas existe um porém: eu não conhecia minha deficiência em me recuperar dos sustos. A adrenalina não anda me fazendo bem, não sei se é a abundante quantidade, pois meu organismo mal se recupera da descarga do hormônio, e já é atacado por outra. E assim vou convivendo com o veneno e tomando um remedinho para a pressão, outro para o estômago, umas gotinhas para cefaleia, e nem sob tortura vou “entregar” aquele famoso para insônia.
          Essa semana, não foi diferente: me vi passando mal diante de um vídeo que uma amiga postou na rede: um parlamentar, em plena assembleia, dá um show de desfaçatez apalpando uma colega. Eu comentei na postagem:
          — A moça não gritou? Não chamou a polícia, um psiquiatra, um pai de santo? — Fiquei sabendo que não, não tomou nenhuma atitude extrema, mas sim, foi à polícia e fez boletim de ocorrência. Agora o que acontecerá com político... aí... já é outro esquema. Não espero muito, já estou aguardando outro susto: ver o maníaco aclamado pela valentia, pela virilidade, pelo chauvinismo que impera.  E por a culpa na mulher, claro, ela devia estar muuuuuito gostosa.
          Estou aqui pensando num colega do recanto que gritaria sarava, se estivesse na cena e visse, em público, o macho atacando a fêmea.  Também no recanto, vi um texto bem pertinente à situação: de maneira bem inteligente, a autora constrói um organograma, um passo a passo   ensinando, literalmente, como encher linguiça: a ALESP está precisando disso. E para começar, os parlamentares devem começar lavando as tripas, a boa linguiça começa com a limpeza dos intestinos.
          E por falar em tripas e “encher linguiça”, estou cá, a pensar no finado que tinha horror a esse prato, e me proibia de pedi-lo quando saíamos para comer fora. E justificava:
          — Não é elegante ver uma senhora agarrada a esse embutido dentro de um restaurante.    
Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 19/12/2020


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Imagem de cabeçalho: raneko/flickr